Em mim doeu.




Seu adeus me dilacerou como nunca antes. A dor foi intensificada ao considerar que a causa desse adeus poderia ser eu — pelas vezes em que hesitei em apagar a luz, pela preguiça de sair da cama, pelas barbas por fazer que você odiava, pelas tatuagens sem sentido que você implicava. Poderia ter deixado de lado o drama e o orgulho, poderia ter pedido para você ficar e tentarmos mais uma vez, quantas vezes fossem necessárias. Mas escolhi arriscar, preso em nosso quarto agora vazio, com dor e esperança de que você voltasse pela mesma porta por onde saiu. Mas você não voltou.

Seu sotaque único e prazeroso era um deleite. Cheio de erres, cheio de amor. Eu adorava. Sua voz suavizava o caos dentro de mim. Você tinha o dom de me acalmar, de me fazer sentir seguro contra todos os perigos lá fora, mesmo com seus 1,60m de altura. Você sabia como me fazer confortável. Você tinha o poder de fazer eu acreditar em todas as suas verdades ou meias-verdades. Era óbvio que eu acreditaria em você, pois sempre soube usar palavras para me dizer exatamente o que eu queria ouvir.

Dói saber que nunca mais ouvirei sua voz. Dói quando suas mensagens diárias não chegam, mesmo que eu dissesse odiá-las, sempre soltava um sorriso sincero ao lê-las. Dói ainda mais lembrar do nosso primeiro jantar, naquele restaurante italiano onde oficializamos nosso amor.

Você partiu, fechando todas as portas para impedir que eu te seguisse rastejando. Me deixou no chão, sem olhar nos meus olhos, sem dizer que acabou, sem dizer que tudo o que vivemos foi mentira. O que antes doía, hoje não dói mais.

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