Eu só queria que você entendesse que o que sinto não é frescura. Eu não estou querendo chamar atenção — quem me dera se fosse isso — não é drama e muito menos infantilidade. Inclusive eu acho que estou sendo adulta demais para carregar essa barra. Não é fraqueza sentimental e não é mimimi. É uma doença.
Não depende de bem material pra eu me sentir
melhor. Eu só suplico para que você não fique dizendo que é falta de Deus, que
eu sou uma pessoa ingrata por muitas pessoas quererem ter uma moradia, uma
família, saúde, comida, como eu tenho. Não é isso. É algo que dói aqui dentro,
no fundo da alma. Não que eu não fosse uma pessoa grata por tudo que tenho, eu
sou sim.
Eu sou tão grata pelas pessoas que eu tenho, que eu
tenho medo de perde-las. Todo dia eu peço para que Deus proteja e ilumine cada
uma delas por mim. Tenho medo de não poder impedir que aconteça algo de mal a
elas. Por isso eu fico tão feliz quando chega o aniversário de cada um. A
vida de quem eu amo é o mais importante pra mim.
Os dias em que eu saio de casa, sempre penso no
pior. Não sou uma pessoa negativa, e você sabe que nunca fui. Sempre pensei no
lado bom da vida, mas é que o medo me consome. Se me olham
demais, já acho que estão querendo me fazer mal. Se me olham de menos, me sinto
rejeitada. Se vou atravessar a rua, calculo uma forma de não ser atropelada. Ir
ao banco é muito difícil — tenho medo de alguém me seguir. Viajar
para mim é caótico. A estrada é perigosa demais.
Eu só queria que você entendesse que tem dias que
eu não tenho vontade de levantar da cama. Que eu desejo que minha rotina seja
ficar deitada, no escuro, sem ninguém por perto. E não é preguiça. Eu
até posso marcar algo com você, mas não garanto que se chegar no dia, eu vou
querer ir. E não é desculpa que eu vou te dar se disser que eu estou cansada.
Posso ficar dia todo sem fazer nada, mas tem dias que abrir os olhos cansa.
Sinto dores incalculáveis, falta de ar e meu coração parece uma bateria de
escola de samba. Parece que eu vou explodir.
Quando não consigo dormir e me reviro na cama, no
outro dia, meu corpo todo dói como se tivesse levado uma surra e de uma certa
forma, estou levando sim uma surra da vida. E aí você me pergunta: “mas,
e quando você coloca uma música alta?” Eu te respondo: É a
tentativa que a música alta silencie o barulho da minha mente tão turbulenta.
E se você me perguntar quando tudo isso começou, eu
não vou saber te responder. Foi do dia pra noite. É como se ontem eu fosse a
pessoa mais feliz do mundo, e hoje acordasse a mais triste, a mais aflitiva. A
pessoa mais medrosa de todo o mundo.
Tem dias que eu acordo um pouco melhor, me arrumo,
canto, escuto música e tem dias que eu disfarço muito bem para não ver as
pessoas que eu amo sofrerem. Visto meu melhor sorriso como quando um
palhaço coloca seu nariz vermelho. Ver as pessoas que eu amo bem, por
minha causa, me faz me sentir melhor. Ser a culpada pela tristeza das pessoas
ao meu redor, só me deixa pior.
Eu só queria que você entendesse que eu preciso da
sua ajuda, da sua compreensão e do seu colo quando as coisas estiverem difíceis
demais. Que um abraço já torna meu dia menos pior e que é confortante saber que
eu não estou sozinha. Eu só te peço para você não desistir de mim,
para eu não desistir de mim, entende? Preciso da sua força, do seu
sorriso e da sua alegria. Saber que tenho você é a minha maior felicidade e o
motivo do meu sorriso.
Então, por favor, me entenda e me ame
como eu estou. Porque um dia eu vou melhorar e essa dor vai passar. Eu sei que
vai.
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