O amor é uma droga


Quando fiz doze anos a tia Helena me disse que amar era como se jogar do oitavo andar. Eu não entendi bem o que ela queria dizer, será que ela queria se matar? Na verdade ela só queria dizer que quando a gente ama a gente confia, e a pessoa amada estará lá. Sempre. Mas dois anos se passaram e o tio Ricardo não estava mais. A doce Leninha havia ficado triste e amarga e me disse que eu nunca deveria amar ou confiar em alguém. Bem que me disseram que o amor era uma droga. Por partes eu concordo. Nos filmes nos mostram o lado mais doce do que é estar ou ter alguém. Na vida real sabemos que é preciso bem mais que uma troca de olhares ao atravessar a rua. Então, que diabos é o amor? Eu não sei. Queria muito entender, mas a gente nunca vai saber, por mais que insistam em nos dizer como deve ser.

Vou contar um segredo: não escolhemos quem amar, quando e onde, simplesmente acontece, querendo ou não. A gente esquece que é preciso deixar rolar, se apaixonar primeiro, querer estar com o outro, mas parece que vivemos em uma geração desesperada para ter alguém. Que tal amar sozinho? Se amar primeiro e depois aprender a amar alguém. É bem mais bonito e saudável. Aprendi isso aos quinze anos quando o Igor não ligou depois de dizer que ia ligar. Depois que passou por mim na pracinha e nem disse oi. Somos estúpidos demais ao confiar nosso coração a alguém, mas seríamos mais estúpidos se não tentássemos. É preciso quebrar a cara, errar até acertar, acredite, uma hora vai.

Eu achava que tudo tinha que ser de um jeito, até conhecer o Victor, sentir borboletas no estômago e perder a fala. Eu tive que olhar em seus olhos, sim, nos olhos castanhos escuros do cara que eu amava - é preciso ter coragem viu menina?-, e deixá-lo ir. Então descobri que o amor não é só estar perto fisicamente, e sim estar junto sempre em seu coração. Não podemos ser egoístas, o amor é generoso. Se eu não podia oferecer mais do que tinha, por que iria prendê-lo? Temos que aprender a desatar o nó, por mais que doa, por mais que a gente ache que amar é uma droga. Sim, digo e repito, é a pior droga que existe, mas sem elas somos insuficientes, somos incompletos, infelizes e insatisfeitos, afinal todo mundo gosta um pouquinho dessa besteira de amar, da loucura que é ser de alguém.

Então veio o Caio, o Marcos, o Bruno e mais um montão de outros caras. Alguns não passaram de uma noite, outros eu achei que seria minha alma gêmea, a metade da laranja, o tal príncipe encantado que sabemos que não existe mais insistimos em inventar. E vem os receios, os medos... A gente se tranca mais, se permite menos e vamos deixando o Lucas, o Leo, o Junior, o Francisco e o resto do abc passar. É, realmente o amor é uma droga, agora entendo. 

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1 Comentários

  1. Concordo plenamente quando diz que o amor é uma droga. Uma droga que não podemos evitar!

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