Nós brigávamos sempre, eu já estava cansada disso, eram anos de união e companheirismo, mas anos de muita briga e discussões. Tem uma hora que só o amor não basta. Tem que vir toda a bagatela inclusa, respeito, fidelidade, carinho, companheirismo, paciência. Talvez foi essa última que me escapou. Se eu tivesse tido mais paciência talvez estaríamos juntos, estaríamos rindo e fazendo amor como sempre fazíamos, loucamente. Talvez teríamos brigado um pouco mais, mas iríamos se reconciliar no momento seguinte. Talvez você beijaria minha boca de um modo que só você sabe fazer, e me abraçaria até eu não ter mais ar, ou também me pegaria pela mão e dançaria comigo no meio da sala, no meio de todo silêncio. Talvez eu te xingaria e você chutaria a cadeira da cozinha, mas depois viria me pedir desculpas, dizendo que escreveria uma letra de amor e cantaria só para mim, no pé do meu ouvido. Deixaria de lado os seus vícios e diria que eu era seu vício favorito, e eu me emocionaria como sempre, com tudo o que você fala. Com tudo o que você faz. Talvez estaríamos correndo no corredor do mercado, como se fôssemos crianças. Mas não, você se foi e não há nada mais que eu possa fazer ou dizer para você voltar. Você está tão distante, mas tão vivo dentro de mim. Se eu pudesse voltar, deixaria você ficar, se eu fosse esperta perceberia que você realmente me amava e não queria ficar sozinho, sem mim. Me desculpa por ser ingênua e orgulhosa. Se você tivesse que ir de qualquer forma, que pelo menos eu pudesse voltar no tempo e ir junto com você, assim como você me sussurrava no ouvido a canção do Smiths: “to die by your side is such a heavenly way to die”. Porque o amor não faz mais sentido sem você. Gostaria que me perdoasse, onde quer que você esteja. Eu jurava que aquilo de não deixar para amanhã o que você pode fazer hoje não soava certo para mim, porque sempre tive tempo, e sempre tive você, agora não tenho mais. Tudo o que eu desejo agora é que você venha para casa essa noite, só mais essa noite, e me abrace como se não houvesse amanhã...Daí eu te faria um cafuné de leve e acabaríamos dormindo juntos, como sempre. E eu perceberia que não queria estar mais em nenhum lugar do mundo a não ser ali, com você. Onde eu sempre deveria estar.
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