Nos encontramos pela primeira vez na Avenida Paulista. O vento batia no rosto, misturando a pressa da cidade com o frio na barriga que eu tentava disfarçar. Entramos na Starbucks, e o tempo parou um pouco. Seu sotaque entregava que você não era daqui, e eu adorava isso. Me contou sobre sua coragem de largar tudo, cruzar um oceano e tentar a sorte em São Paulo. Falei de mim, deixei escapar algumas inseguranças, mas a conversa era leve, fluía como se já nos conhecêssemos há tempos. No final, nos beijamos na escada da cafeteria, o gosto do café ainda na boca. Te acompanhei até sua moto, te dei um selinho de despedida e fui embora, com aquela sensação boa de quem viveu um começo bonito.
Mas o depois foi esquisito. Você, que sempre puxava assunto, começou a demorar para responder. E quando perguntei, veio uma desculpa confusa: achou que eu não tinha gostado tanto assim. Mas não era isso. Era você que já estava indo embora antes mesmo de partir de verdade.
Meses passaram. Eu mudei, cortei o cabelo, completei mais um ano e, confesso, minha autoestima não estava lá essas coisas. Marcamos um novo encontro, mas, algumas horas antes, você cancelou. Ainda assim, insisti. A chuva tinha passado, e se quisesse, eu estaria no Instituto Moreira Salles, vendo uma exposição de fotografia brasileira e te esperando. Você apareceu. Quando te vi, descendo a escada rolante, capacete na mão, meu coração acelerou como se acompanhasse o ronco da sua moto.
Nos cumprimentamos com um beijo no rosto, descemos a Augusta, entramos no Urbanoide. Pedi um chope de vinho, você um suco estranho com gengibre. O papo foi bom, gostoso como antes. Te contei sobre meu novo trabalho, quis saber mais do seu, deixei claro minha admiração. Mas logo percebi: você queria ir embora. Eu já sabia o roteiro. Caminhei com você até sua moto, esperando aquele beijo de tirar o fôlego, mas só ganhei um selinho e um "até logo" que soou mais como um adeus.
Depois disso, sumiço. Você, que sempre reagia aos meus stories, não apareceu mais. Tudo bem, a gente aprende a lidar. Mas, sinceramente? O pós-date não precisava ser tão cruel, ainda mais com alguém que sempre foi tão gentil contigo.
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