Não é mais sobre você


 Por muito tempo, você foi o centro do meu mundo. Cada mensagem sua que eu recebia, cada curtida, cada gesto minúsculo — tudo parecia ter um peso desproporcional na minha vida. Como se todo o meu dia girasse em torno de uma expectativa: a sua atenção. Confesso que cheguei a acreditar que isso era normal, que essa intensidade era apenas um sinal do quanto eu estava envolvido, do quanto eu queria que desse certo. Mas não era.

Demorou, mas finalmente percebi: isso não era sobre amor. Era obsessão.

Eu sempre soube, lá no fundo, que essa fixação não me fazia bem. Me transformou numa versão distorcida de quem eu sou, e enquanto eu me perdia cada vez mais no labirinto de pensamentos sobre você, fui deixando de lado outras partes de mim. Eu te coloquei em um pedestal tão alto que, no final, eu mesmo não conseguia mais me enxergar.

E, finalmente, algo mudou. Não foi da noite para o dia, nem foi um grande acontecimento. Talvez tenha sido um acúmulo de pequenos desapontamentos, de promessas vazias e de gestos que eu já não conseguia mais ignorar. Aos poucos, meu olhar foi se desfazendo do brilho com que te via, e o que sobrou foi uma pessoa comum — nada além disso. Com seus defeitos, com seus silêncios, com a falta de reciprocidade.

O que antes era uma obsessão, agora se dissolve. Não é mais sobre você.

Agora, vou atrás de algo que realmente faça sentido. Atrás de mim mesmo, talvez. Atrás de novas paixões, de novos interesses, de pessoas que me façam sentir algo genuíno, sem essa necessidade sufocante de aprovação. Quero me reencontrar. Porque, no fundo, acho que essa obsessão não era só sobre você. Era uma fuga de mim. E, bom, eu cansei de fugir.

Eu me recuso a viver à sombra de alguém que nunca se importou em iluminar meus dias. Hoje, a minha obsessão acabou. Amanhã, eu estarei focado em coisas maiores e melhores — começando por mim.

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