Mas eu a vi também



Por muito tempo me prendi a amores antigos. Talvez eu não tenha conseguido guardar as lembranças e fique com essa vontade de sempre continuar vivendo-as. Mas eles já partiram, só eu que fiquei. E eu insisti. Insisti não só uma, mas duas, três, quatro vezes. Até quando me cansava estava ali, com o coração esperançoso que dessa vez fosse. Seria eu uma colecionadora de histórias? Ou melhor, seria eu uma comunicóloga que nunca aprendeu a colocar ponto final onde nunca devia existir reticências? É possível eu ser tudo isso. O pior é que sempre achei que era meu coração dizendo para ficar. A verdade é que minha mente estava tão presa aos putas amores que vivi que tinha medo de me desprender para viver novas histórias. Mas então eu te vi e me perguntei o que ainda estava fazendo ali, insistindo em alguém que eu nem conheço mais, que eu nem amo mais, que meu coração só fez doer. Mas então eu também a vi. Eu a vi de longe, vindo tão sorridente, tão bonita. Confesso que não foi a primeira vez, mas meu coração nunca tinha dado sinal nenhum. Quer dizer, uma vez seu toque me arrepiou, só que não achei que era nada demais. Como é que podia ser algo se eu estava insistindo no meu passado como quem não quer doar roupa velha porque é uma das peças preferidas? Mas naquela noite eu te olhei pela primeira vez mais de perto. Eu deixei meu corpo responder a seus toques. Eu quis respirar junto com a sua respiração. Quando você sorriu então, nossa, amigo, quis morar ali. Pode ser que tenha caído na cilada de me apaixonar em um instante, em uma noite, em um sorriso. Talvez eu seja precipitada demais, ansiosa demais e esteja apenas querendo ser por um momento o motivo de um sorriso seu. Eu, que sempre vou devagar demais, to querendo acelerar os passos. Mas tudo bem, não vou me importar de colar em você. Só não se importe de colar em mim também.

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